OS ESCRIBAS: agosto 2007

Estou no silêncio da noite.

Dediquei todo o meu dia...

A noite grande está deante de mim e eu estou fatigada.

Tudo em ordem e a postos para o dia seguinte.

Chuva?

Sol?

É indiferente.

O que importa é o que vai dentro de mim.

Abandono-me aos meus sonhos

e somo mais este dia !

Obrigado, Senhor!

Santo António falava aos peixinhos.
Eu ... que não tenho vislumbre de santidade,
considero uma flor, assim grande, quem faz uma pausa e me lê!
Tomai com um sorriso o que me é fácil e simples:
- Dar asas ao meu gosto de escrever -
Faz-me sentir mais perto de todos!

A Fogueira das férias

Férias, são sempre uma fogueira de projectos, de quereres, e itenerários,que nunca se concretizam em lume brando.
Sofia Andressen dizia:«Viajar é olhar»
Com os meus olhos, eu também vou olhar.
Um abraço para todos

Fernanda

As mãos na cara para quê?
Não querer ver a realidade?
Não aceitar o que se não escolheu?
Adiar.
Fingir.
Flutuar num engano?

Será melhor ter olhos de estátua,
de espanto mas decididos.
E agasalhar o coração,
com uma manta feita de retalhos seleccionados
e tricotados ao logo duma Vida.

Contava na presença da minha neta Inês,

uma atitude de um comerciante, meu fornecedor.

( desinteresse em resolver o meu problema caseiro )

E, a neta comentou:

- Se eu tivesse uma loja não era só para ganhar dinheiro,

era também para fazer os clientes felizes!

Já sózinhos contei estas palavras ao Avô,
que sorrindo num olhar a pingar ternura, exclamou.
- Inocência dos seus sete anos!

A Vida realmente obriga-nos ao que não gostariamos de ser ...

Que bem sabe

depois deste calor de verão

sufocante.

O gesto claro da mão
tomando a chuva!

Escapadinha ao Alentejo

Na quarta-feira, dia 15, saí para mais uma escapadinha "cá dentro", na companhia de um dos filhos, nora e neta.
A chuva não ajudou até à hora do almoço, mas depois o S.Pedro arrependeu-se e mandou que o sol aparecesse.

Afinal era dia Santo!

Desta vez o destino estava mais a sul - Alter do Chão, no Alto Alentejo. Um recanto, neste encanto que é o Alentejo, que ainda não conhecia. Fiquei encantada como sempre que passo por estas terras quentes e calmas. Aqui gostaria de ficar.

Quatro dias de passeios pela região e descanso à beira da piscina do hotel (antigo convento).

A primeira visita foi à coudelaria. Uma manhã que encantou a minha neta - e não só - com tanto cavalo bem cuidado - o Cavalo Lusitano.

Tudo à volta vale a pena visitar - Avis, Fronteira, Sousel, Monforte, Cabeço de Vide, Crato e outras.

No dia de regresso foi a vez da visita a Portalegre, Marvão e Castelo de Vide.

Portugal tem muito para se ver e desfrutar.

Há que viajar - cá dentro.

Hoje a minha neta Rita ( a ratona ) de dois anos e tal,

pegou com as suas mãos gordinhas neste Menino Jesus de barro

que eu tenho na mesinha de cabeceira, não sei há quantos anos!?

Pergunta: - Ó Avó este era eu quando era pequenina?

Que ternura senti.

Não fui capaz de a contradizer.

Respondi: - São parecidos.

Pousou-O com jeitinho.

Senti que o Menino Jesus e eu tinhamos que guardar um Segredo,

que só aos dois pertencia!

Mais um que ousava ser bem recebido.

O teu olho verde, certamente, na mesma cor dos do gato preto,
confrontaram-se num perfeito desafio com outros que te desafiavam.
Uns desconfiados avaliavam e solicitavam, num misto de súplica e desplante,
um canto aonde fosse tratado como se direitos tivesse ...
Os teus seduzidos, submeteram-se.
Ajeitando-te na cama criaste o tal cantinho que o bichano,
já previra de antemão que seria dele!

Acabam sempre assim os teus encontros com os gatos!

Qual de nós não usou uns sapatos assim!?
Davam-nos tamanho.
O andar tornava-se mais feminino, firme e vigoroso.
A toylette era valorizada e o nosso ego crescia!
Sentiamo-nos capazes de conquistar o mundo,
e, o outro género ... o masculino,
ficava mais na nossa alçada.
Aguentamos bastante tempo uns saltos assim,

finos, elegantes que por consequência,

se prendiam em todos os buracos e frinchas do passeio!

Mas nada de nos fazer arrepiar caminho.

Em frente ... em frente e de queixo erguido.

Acontece que o tempo se encarrega,

de nos fazer sentir, que antes do trambolhão,

o melhor é guardá-los no armário,

e enfiar estes simpáticos e cómodos mocassins,

pois estão mais de acordo com o que necessitamos agora.

Bem estar, segurança, e conformidade em aceitar que já basta de sapato apertado.

Vivamos enquanto Deus o quizer como quando nascemos - " Nas suas Mãos ".

Não sabendo qual seria o numero do nosso sapato!?

Mas tentando Caminhar na direcção certa !

Foi por causa de uma dentadinha destas
que complicamos a nossa Vida...

Mas será pecaminoso dizer que valeu a pena?

Sentada na sombra protectora da árvore,

costas amparadas no tronco,

estendo as pernas na relva verde,

e, vou arrancando pedacinho a pedacinho sem reparar.

Deixo que os olhos vagueiem na vastidão do espaço,

que se espraia deante dos meus olhos,

e, respiro aquele cheiro autêntico e exclusivo

da Natureza.

Não falo.

Não penso,

estou tranquila.

Neste silêncio a árvore dá-me tudo que necessito.

Não questiona,

tolerante,

não devassa o que vai dentro de mim.

Árvore grande e frondosa.

O teu tronco forte e nodoso,

deixam advinhar a tua idade,

e, talvez por isso és igual ao Amigo experiente, intuitivo, acolhedor, precioso,

perto do qual não é necessário falar.

O silêncio é a companhia que necessitamos!

Esta imagem,

lembra um estado de alma de solidão.

Querer acreditar que a luz desponta,

mas continuando como se a existência,

se comparasse a uma cadeira vazia!

Sempre à tua espera.

Na certeza que voltarás um dia,

e aquela cadeira, limpa do pó, ganhará Vida!

( Tudo isto não passa de liberdade poética )

Bailando devagar,

ao ritmo lento da melodia.

Dizias qualquer coisa ao meu ouvido... Não sei o quê !?

O importante eram os nossos passos acertados,

e a força com que me sustentavas...

Assim foi sempre a nossa Vida!

( Há aqui muito de liberdade poética ... )

O Blogger foi assaltado !!!

Douro abaixo em direcção ao Porto.

Por esta não esperava eu!
Conselho de amigo : - Nunca deixe em casa a sua máquina digital...

..
«Só há duas maneiras
de viver a vida
uma é como se nada
fosse milagre
Outra é como se
Tudo fosse um milagre»

(Alberto Einstein)

Hoje comprei um livro maravilhoso, bem ilustrado, com as 100 cidades mais belas do mundo.
Ao folheá-lo senti-me miraculada. Tinha estado em todas, com raras excepções, e as que faltavam, eram zonas por onde andei perto. Então lembrei-me da frase do António de Lobo Antunes:

«O acaso é o pseudónimo que Deus utiliza, quando não quer assinar»
Que felecidade, meu Deus……..podes não querer assinar, mas eu conheço a tua assinatura.

Quando nada é certo, tudo é possivel.

( outra frase de um email que me entrou em casa )

Autora Margaret Drablle - escritora

Não era minha intenção.

Mas...

Depois de um dia dedicado a duas netas, sendo uma delas a tal que me inspira, aconteceu isto.

Estava no fim de lhes dar de jantar, rápido, muito rápido, para as devolver prontinhas aos pais. A porta da rua abre-se.

- Quem entrou?

-Oh! é o Avôzinho. ( e logo de seguida ).

-Avó, Avôzinho rima com fofinho?

-Claro. Porquê ?

Pegou num papel e tentou escrever qualquer coisa e saiu isto com uma ligeira ajuda minha.

Chegou a casa

o nosso Avôzinho,

dei-lhe um grande abraço

e achei-o fofinho!

Logo lhe disse:

-Inês vou por isto no meu blog.

-Oh! Não Avó.

Pegou no papel e riscou o que estava escrito.

Não sei se por acaso ou intenção, o rascunho ficou na mesa da cozinha.

E, por isso aqui está o que transpirou da nossa conversa.

A poesia não tem idade.

Acontece.

Dança como se ninguém te estivesse a ver.

( esta frase chegou-me num email )

e ... fui tentada a adoptá-la!

Para desenfadar desta vaga de calor,

nada melhor que o pretexto duma fantasia,

numa imagem como esta!

Regressar é bom

É bom partir, viajar, conhecer ou rever lugares lindos neste nosso pequeno país. Mas é muito melhor regressar ao meu cantinho, sentir-me no "meu mundo".
É por estas e por outras que sinto que estou a envelhecer.
Como mudamos!
Não trilhei os caminhos de Santiago, mas diria que os de D.Dinis.
Instalei-me em Monte Real, nos Pinhais de Leiria, onde tudo fala do rei "Lavrador". No trajecto passei por Coimbra e revisitei Conimbriga. Durante a estadia nas termas, as tardes eram passadas fazendo uns passeios pelas redondezas - as praias de Vieira de Leiria e Pedrogão, a lagoa de Ervedeira, a cidade de Leiria (encantou-me o bairro medieval, a Sé e o Castelo), adoçando a boca com umas "brisas do Liz" e no regresso ao Porto, visitei Ourém, passei por Fátima para uma breve oração e fiquei toda contente por novamente atravessar o Douro.
Estou novamente pronta para mais uma escapadinha.

Boas férias.

Matei a sede.

Saboreei o refresco

e esqueci o calor!

Pena foi ter que regressar ...

É noite.
É a hora em que as flores
desabrocham suas pétalas.
Deixa-me sentar a teu lado.
E, neste silêncio,
sentirmos os dois,
o tempo passado
que foi nossa Vida.
O que Deus nos deu
e o que Deus nos pediu!

Dizer sim ... abriu-nos Caminho.
E ... aqui estamos os dois,
no silêncio da noite,
sem necessidade de falarmos!