Utopia

Eu queria
com jeitinho pegar no sol
e colocá-lo onde me apetecer...
Ter a certeza,
que amanhã posso projectar uma ida a qualquer lado
e levar o sol comigo!
Convidar a companhia que eu mais aprecio,
deitarmo-nos confortávelmente na relva verde,
colocar as duas mãos debaixo da cabeça
e sem necessidade de falar
(porque o mesmo sentimos)
deixar que o sol nos aqueça
e por deleite saboreá-lo de olhos fechados.
Há momentos na Vida
em queremos que dois sejam um só!
E... consegue-se.

A Amizade

No decorrer da nossa vida,
quem nunca se entreteve a apanhar pedrinhas na areia!?
Alegres ficávamos
de as fechar nas mãos,
e escondê-las numa caixinha qualquer!
Este coração grande,
feito com pedras seleccionadas
e todas em forma de coração,
veio ao encontro de um pensamento ,
que me surgiu hoje...
Saí com umas amigas,
todas quase gémeas na idade...
Que bem estivemos!
E por quê!?
Aceitamo-nos como somos.
Não nos desculpamos, mas tudo perdoamos!
A nossa amizade duplica as nossas alegrias,
e divide as nossas tristezas!
Tudo sabemos de nós e gostamos de cada uma assim mesmo!
Nada temos de amigas "velhas"... mas de VELHAS AMIGAS!
Por tudo isto,
as pedrinhas deste enorma coração,
foram colocadas uma a uma,
tiradas da nossa colecção,
como marca do sentimento que nos une!

Se falta o coração

È nossa intenção partilhar algumas dicas sobre o coração,
já que o mês liturgicamente dedicado ao Coração de jesus;
não é só pelo dia da festa (19 de Junho),pois cada dia do
mês interpela-nos a esta realidade humana e divina do coração.

A Palavra
Apalavra hebraica leb,traduz coração,
designa o centro da interioridade do ser
humano,a sede conhecimento,da memória,da vontade,
das paixões e da coragem.O coração é a nascente,
a fonte do ser humano.
A tradição rabínica relaciona leb (coração)com bI
(não)para dizer que coração é importante.
É só no coração que se pode dizer sim ou não.
Daì é que brotam as verdadeiras palavras,as
verdadeiras decisões,as verdadeiras opções.
Com a palavra coração,diz-se tudo o que belo,
verdadeiro e bom.Coração evoca bem o misté-
de Deus e sigila a verdade mais densa do ser humano

Jardim inventado

Houve um tempo,
em que era fácil ter,
sem rima nem razão,
uma flor arrancada ao mundo da nossa imaginação!
Julgava eu,
sim,
que o meu jardim secara,
e as flores não passavam de recordações perfumadas!
Afinal, quando Deus criou o mundo,
prevendo a dor de ilusões perdidas,
deu-nos um meio de reaver flores murchas...
Usar o jeito e a arte que nos legou
e inventarmos o nosso jardim,
sem esperarmos por uma manhã de Primavera!

mais um encontro com Miguel Torga

Quietude



Que poema de paz agora me apetece!
Sereno,
transparente,
a sugerir somente
um rio já cansado de correr,
um doce entardecer,
um fim de sementeira.
Versos como cordeiros a pastar,
sem o meu nome, em baixo a recordar
os outros que cantei a vida inteira.

A minha cadela Cuca

Foram 13 anos de uma doce companhia.

Em cachorrinha sempre bem comportada.

Inteligente,

meiga,

obediente.

Companheira eficiente de marido e filho caçadores,

nunca deixou de lhes trazer a caça derrubada.

Os netos gostavam dela, porque era muito calma e cautelosa.

Passamos bons serões á lareira

e tinha a habilidade de chegar primeiro

e escolher o melhor lugar!

Adoeceu.

Sabia que devia honrá-la com um fim digno.

De manhã cedo levei-a ao veterinário de sempre,

e enquanto lhe fazia festas na cabeça,

já com as lágrimas a perturbar-me a vista,

senti o seu fim...