OS ESCRIBAS

Letras que se confundem em histórias de instantes que passam a correr pelas vidas passadas e futuras, reais e imaginárias, ditas e escritas pelas mãos que imprimem em cada tecla, a vontade, o desejo, a emoção e o interminável percurso labiríntico de quem escreve por prazer.

07 março 2010

O SEXO DAS CIDADES

A Sonoridade das Palavras
PORTO e LISBOA

Na palavra LISBOA há lentidão,
Lembra alguém a sentir-se com moleza;
Alguém que, a decidir, não tem firmeza
Se acaso tem que dar opinião;

E se espreguiça...à espera de clareza
Nas ideias com fraca precisão.
Mas na palavra PORTO há decisão:
É alguém que a opinar tem a certeza.

Por isso está na história, o nosso PORTO,
Como sendo a "cabeça" de revoltas,
Quer dêem para bem...ou para torto...

Em PORTO há firmeza. Não dá voltas,
À procura de ajuda e de conforto.
Decide só por si, sem ter escoltas...

Porto, 3 - 2 - 2010
Ana Lopes Vieira


O SEXO DAS CIDADES

I
Há quem estranhe, e mesmo se interrogue,
Ser Lisboa do sexo feminino
E porque será Porto masculino?
Estranho é...mas não há quem revogue

Este preceito que é bem genuíno.
Nestas cogitações há quem se afogue,
Mas também há, decerto, quem advogue
Que mudar-lhes o sexo é desatino.

Mudar agora o sexo das cidades
É loucura do louco ser humano,
Que faz de aberrações normalidades.

O Porto é masculino sem enganos;
Não cairá em tais adversidades,
Nem deixa que interfiram nos seus planos.

II
Também Lisboa quer ser feminina;
E julga-se formosa e sedutora,
Passando a ser conquistadora:
Na conquista amorosa se refina.

Sendo o Porto quem ela mais adora,
Quer que o Porto a escolhe-la se defina.
O Porto a rejeita...Ela se amofina.
Pois é Gaia que o Porto já namora.

Gaia, simples como ele; sua vizinha
E bela! De Lisboa é rival.
Porto e Gaia, como à Pátria convinha,

Vão, unidos, à pia baptismal
Da Pátria, que é ainda "criancinha",
Para lhe dar o nome - PORTUGAL.

Porto, 11 - 2 - 2010
Ana Lopes Vieira