O pianista

(Joana Mota)

Pianinho...

Pianinho.

Os braços erguiam-se,

os dedos tamborilavam

na procura das teclas,

que traduziam o som

que nascia de si!

Encontrada a melodia,

achado era seu sonho!

E os pingos que escorriam da testa suada,

confundiam-se com lágrimas

num êxtase de encontro!

de Miguel Torga, Diário XII

((Joana Mota)

Não tenhas medo, ouve:

É um poema

um misto de oração e de feitiço...

sem qualquer compromisso,

ouve-o atentamente,

de coração lavado.

Poderás decorá-lo

e rezá-lo

ao deitar

ao levantar,

ou nas restantes horas de tristeza.

Na segura certeza

de que mal não te faz,

e pode acontecer que te dê paz...

conversa a dois...

(Joana Mota)


Sabes meu filho, vim a correr para a cama,
aninhar-me entre os lençóis ,
(que cheiram a talco perfumado,)
para conversar um bocadinho contigo.
Como é bom, olhar para ti, e, saber que saíste de mim!
Não há sensação mais poderosa do que a vivida quando te damos ao mundo!
Achamos que serás uma coisa muito nossa.
Pensamento errado por ignorância.
Temos que perceber cedo, que a nossa missão é preparar-te para as exigências do mundo.
Quanto mais independentes te soubermos criar e educar, mais felizes seremos.
Tu e nós.
Tu serás mais forte
e nós dormiremos mais tranquilos...

Mas...neste preciso momento,
deixa-me respirar o teu cheirinho a sabonete,
ouvir o teu palrar,
e...
aguentar o apertão que deste no meu nariz!

Lição de Portuguesísmo

"Uma ida ao Porto é Sempre uma lição
de Portuguesísmo,Tanto mais rica
quando mais raramente lá se vai.
`indispensável-claro!-um mínimo
de contacto reiterado com esse
lar de nação para nele vermos
algumas das significações latentes
que enriquecem a nossa consciência
de patria"
Vitorino Nemésio

Estado de espirito

Ninguém é dono da sua felecidae, por isso não entregue sua alegria,
sua paz sua vida nas mãos de ninguém,absolutamente ninguém,somos livres,não pertencemos a ninguém e não podemos querer ser donos dos desejos, da vontade ou dos sonhos de quem quer que seja...

Terna comparação...

Passou ainda há pouco uma andorinha antes de ti.

Trazia o dorso azul de ter roçado os altos céus,

ou então talvez, de tu lhe teres pousado os olhos teus.

Vinha alegre anunciando uma quimera ao prado nu...

que tinha chega a Primavera,

quando eras tu!

(não sei quem é seu autor.)

A Primavera

Na Primavera a Natureza fica mais bela. Chegam as andorinhas, as abelhas e as joaninhas, as andorinhas fazem os seus ninhos com palha e lama.
As abelhas sugam o néctar das flores, para mais tarde fazerem o mel.
Na Primavera vestimos roupas mais leves e frescas e os dias vão ficando maiores.
Eu gosto da Primavera, porque as flores cheiram bem e chegam as andorinhas.

Terça, quarta e quinta, às três

Passado um familiar Domingo, terça às três
Lá vamos todos outra vez para a Empatia:
Desde a secretaria, às aulas, à cafetaria,
Para o conviver-aprender por mais um dia.

Delas, muitas (que tantas, muitas são…)
Pensaram-se antes e reviram seus vestires
A condizer com as esperadas horas dos sorrires…

Dos raros eles, só um ou outro faz o mesmo,
Mas todos mostram os seus bons sentires…

E a amizade estende-se, do entrar na sala até ao lugar,
ainda que não certo. Mas é por ali o seu sentar
- no grupinho, sempre seu vizinho –

Enfim chega a Empatia-Mór
Que traz consigo os textos - dados ao redor –
E vai falando, viva, transmitindo saber e alegria
...parecendo esquecer o tema desse dia…

Daqui e de acolá, por vezes um áparte divertido
Só para participar, mais animar,
Ou até por não se conter um ego mal contido!
Mas então, sempre com um sorriso, eis que a réplica lá vem!
…E a grazinada aumenta. Há um “tchui”…e tudo fica bem!

Segue-se uma pausa, para um chá, conversa, um bolo…
Depois aos grupos, a palrar, vão às das quatro, e às cinco.
“Estão em todas”, com desvelo e afinco!

E tudo volta, p’rá semana, na terça, quarta e quinta, às três.
…Lá vamos todos empáticos outra vez!
…………………

Já há dez anos é assim! …Faz parte da vida do vosso Douro Sénior

Joaquim

19 de Março de 2009

andorinhas mensageiras de esperança

Era assim ao entardecer.

Chegavam à toa

em bando

ou uma a uma

em voo rasante

e depois erguiam-se desembaraçadas

pousando sempre nos fios eléctricos.

O seu chilrear entrava pelos ouvidos dentro

e fazia-nos sentir

que com elas a Primavera entrava na nossa casa!

Esperança

Rezo a certeza de não estar só.
de ser um entre muitos
Que não perde a esperança
De acreditar no amor,na amizade
Que altera a paisagem,ou visão
E torna cada viagem um prazer
De descoberta,de novidade.
Encantos mundamos,reais!
Nenúfar

Esperança

Rezo a certeza de não estar só.
De ser um entre muitos
Que não perde a esperança
De acreditar no amor,na amizade
Que altera a paisagem,ou a visão
E torna cada viagem um prazer
De descoberta,de novidade.
Encantos mundanos.reais!
Nenúfar...

Sonhei...

Corro mundo fora
Desenfreada,sem medo,sem mágoa.
trago na mente a esperança
Um presente duradouro,uma surpresa
Uma vida infinita,uma partilha
De amor,fraternidade
Que faz crescer odia e a noite
E perdura tudo o que toco,o que vejo
Na alma que me faz viver e sonhar
Com um mudo diferente,mais humano
Complaneta mais vivido,mais feliz
E traz a cada momento
A certeza de um futuro
Mais coeso,mais seguro.
Nenúfar

mais outra tirada do meu baú...

Menina tão linda que devias ser!
sorriso esboçado
olhinhos em alvo
vestido de veludo macio
com rendas que esgatanhavam
e touca que encapotava os teus caracóis.


não eras uma boneca não...
tu sentias
tu imaginavas
choravas ... rias...
brincavas como permitiam as tuas vestes.


Não sei mas é...
se conseguias ser capaz
de te dar a conhecer
tal qual eras.



a mãe e o pai te amavam
mas de ti guardavam os seus segredos
pois nesses tempos havia dois mundos
o mundo distante dos adultos
e outro em que tu bamboleavas.


outros tempos
outros usos
mas onde o amor sempre tem guarida!

Sol da lua

persegues-me desde me bate o coraçãoa aurora
Não te cansas de me seguir
Pedes a minha atenção
Num grito silencioso
Que
E me faz acordar desta inércia
A que chamo vida,felicidade
E na tranquilidade do meu sono
Provocas o meu despertar
Para um sentimento verdadeiro
Que nasce no fundo do ser
No mais nu,no mais sentido
No mais perfeito lugar,
O mais profundo e verdadeiro
Onde devia encontrar-me
onde devia encontrar-te...
Onde esperas por mim!
( não desistas de mim )
Madalena Rubalinho

Viajar é olhar

(Sofia de Mello Breyner)

Cerejas frescas vermelhas
Suspensas pelos caminhos
São os brincos das orelhas
Dos filhos dos pobrezinhos


(quadra popular)

bem pode esperar...

(J.Mota)




Era ali naquele riacho
que ele gostava de se isolar de todos e de tudo
entregava-se aos seus sonhos
tão simples e ingénuos
como criança doce.
O que era sombrio
problemático
deixava afundar e seguir o curso do riacho.
Ali na frescura da água
no som do seu cantar
por entre as pedras lavadas
olhar absorto pousado na cana
esperava que o cair da tarde
que vinha no seu silêncio
lhe matasse a saudade pungente
dos tempos passados
em que as perspectivas e os sentidos
o tinham enchido de ilusões!

Contrastes

Contraste da alma que nao entende o que se sente,
A lucidez da mente que se esconde e fica ausente,
As palavras que expressam a sombra e a beleza,
Os passos que temem e saltam com destreza,
A luz ténue entre o sim e o não,
Os argumentos que entram em contradição,
A vontade ora forte ora fugaz,
Os sabores calmos da vida ou a enxurrada que me arrasta!
O contraste do preto e do branco,
As loucuras que se fazem e as rezas a algun santo,
O frio que me derrota ou calor que me deleita,
Os trapos que visto e a gravata que me enfeita,
O olhar sempre terno e a lágrima que me foge,
O estender da mão e o mundo fica longe,
O contraste do meu mundo está na jogada que se faz,
Tudo se pensa direito e ajogada sai sem nenhum ÀS!

Romãzeira

Como havia vento

Como havia barulhos...

a romãzeira caiu,

e o silêncio, não quebrou.

Derrotadas as folhas

tão verdes, no chão plano

pareciam dizer-me:

Agora aqui?

O calendário cumpriu-se...

Foi há quinze anos... que te conheci.

Quem te trouxe, algo de semelhante

tinha contigo. Discreto e culto, apreciava-te.

Talvez porque florias de inverno,

e os teus frutos são de Novembro...

Procura...

(J.Mota)

os pássaros chegavam

e vinham dos ninhos

desciam do espaço

pousavam na mesa de pedra

ela desfazia entre os dedos

o pão ressequido

que espalhava aqui e ali

e era vê-los bicá-los sofregamante.

O cheiro a maresia entrava-lhe na alma

as flores perfumavam a aragem

que fazia bulir as folhas verdes da árvore.

Tudo era feito com tardança

pois ali se enchia da paz

e da doce harmonia

que lhe matizava a Vida!

Serões que não esquecem...

(J.Mota)

A lareira era indispensável

o cheiro a caruma

e da resina das pinhas espalhava-se no ar

enquanto a música baixinha

escolhida a gosto

deliciava.

Jornais espalhados no chão

(leitura obrigatória, logo esquecida!)

O tempo fluia

e imprimiu carácter

àqueles serões...

A ideia

"o que mais se diferenciam os pássaros
do ser humano é na sua capacidade de
construir,mas deixando a paisagem como estava"