OS ESCRIBAS

Letras que se confundem em histórias de instantes que passam a correr pelas vidas passadas e futuras, reais e imaginárias, ditas e escritas pelas mãos que imprimem em cada tecla, a vontade, o desejo, a emoção e o interminável percurso labiríntico de quem escreve por prazer.

11 dezembro 2007

dar sentido, livremente, a palavras à-toa… I

Mote:

Fantasma, Sol, loucura, telemóvel, afecto, amizade, orvalho, tu, amizade, justiça, Natal, amizade, saudade, saudade, saudade, por do sol, sinceridade, amor, sinceridade, Serpa, água, recordação, sol, amizade, crepúsculo, esperança, mãe, tenho pressa, cheguei lá, coucher du soleil, amor, nascer, lágrima, consciência, lar, Porto, coração.


O Sol agasalhava aquele lago, sonolento, com um manto quente e brilhante. Encantada, sentei-me ali, junto dele, para sentir também aquele afago do Sol e beber a tranquilidade daquela água adormecida. Era Natal. Com uma lágrima de saudade que nunca adormece, veio-me a recordação dos Natais no lar da minha infância: a mãe, o pai, irmãos, amigos… tanto amor, tanta amizade, alegria!... Mas já partiram quase todos… Deixaram a saudadesaudade, tanta saudade! E eu, já no pôr-do-sol da vida, vou ficando, por mercê de Deus, para acumular saudade e mais saudade, tanta, que se transforma em fantasma… Será isto loucura? O meu coração diz: o que tu sentes é saudade, amizade, saudade, afecto, amor, saudade

Com sinceridade, faço-lhe justiça, concordando que, mesmo no crepúsculo da vida, não tenho pressa de chegar lá, aonde estão os que já partiram…Em consciência, prefiro sentir na alma o orvalho gelado da saudade

Au coucher du soleil, o telemóvel, na carteira, ao meu lado, gritou-me que, se a água do lago dormia, eu não podia adormecer ali, a perder a esperança, como perdi afectos e sonhos. Era a Esperança Serpa, do Porto, cidade que sempre me encantou, a convidar-me, com amizade, para ir passar o Natal com ela. Deixar a solidão do meu lar, em Serpa, e abalar para o Poro, deu-me nova esperança. Assim animada, tenho pressa de chegar lá, e contemplar a descomunal árvore de Natal, erguida na Praça, em frente à Câmara. Além de outros símbolos, esta árvore significa, também, que os tripeiros não se atemorizam com o fantasma da crise económica, nem com o crepúsculo triste do futuro… É gente que sabe resistir, sem lágrimas, a tanto por do sol nas suas vidas, e nunca perde a esperança, nem a fé em Deus. Sem loucura, em consciência, e com justiça, como prémio do seu esforço e amor ao trabalho, sabe aproveitar todas as oportunidades para gozar a vida, o melhor que pode, onde pressentir a presença da alegria. Este ano, é a árvore gigante de Natal, que o deslumbra, apesar da saudade, tanta saudade do humilde Presépio, donde lhes sorria o Menino Deus, num sorriso de Amor divino, que fazia nascer nas almas uma alegria mais luminosa e mais salutar, que todas as falsas iluminações de ruas e de árvores de Natal, que cegam os olhos e deixam a alma com a tristeza do crepúsculo, a entrar na noite…Sim, apesar de todos os revezes, de tantas recordações boas e más, e tanta saudade, no tripeiro está sempre a nascer-lhe a esperança!...

analosver

3 Comentários:

Anonymous Anónimo disse...

Que maravilha D.Ana
Com uma palavra de tantos faz a sua OBRA.
Soneto
ou
prosa
tanto faz.
Em tudo pôe frescura, doçura,serenidade, sabedoria e uma boa dose de humor!
Faz juz ao dom que Deus lhe lhe deu!
Por muitos anos todos juntos!
Um abraço da Céu

22:23  
Blogger fernanda disse...

Repetir o meu comentário.
A sua escrita...um espanto
o seu olhar...a simplicidade dos génios.

Parabéns à sua familia, por a ter tão perto.
Bjs

14:08  
Blogger Nelly disse...

Nesta quadra estamos mais perto uns dos outos,umFeliz Natal

23:07  

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