A Ave "Escrebideira" ( 2 )
I
Ai, humilde avezinha Escrebideira,
Há quem não saiba que és mesmo real:
Uma ave que tem por ideal,
Escrever nos ovos, de maneira
A exprimir a ternura maternal.
Pensam que te inventei, de brincadeira!...
Mas tu existes mesmo, és verdadeira:
Quantas vezes te vi no roseiral
E em silvados, onde havia amoras;
Quando as ia colher, e via ninhos,
Teus ovos me detinham, em demoras,
A adivinhar mensagens nos risquinhos:
Desabafos de quando ris ou choras?...
Ou contos que escrevias aos filhinhos?...
II
Só quem viveu na aldeia te conhece:
Teus ovos são teus livros de escritora;
Não tens o dom de ser ave canora,
Como é o rouxinol: esse enternece,
Com seus trinados, ao romper da aurora,
Qum ouvir o seu canto, que é uma prece
A Deus, por mais um dia, e Lhe agradece...
Escrebideira, tu não és cantora...
Serão os teus gorjeios orações?...
Ninguém entende... Assim, nos ovos traças
O teu sentir, que abala corações
Dos homens, a sofrerem só desgraças:
Recusam Deus nas suas ambições,
Negam-Lhe, em cada dia, Acção de Graças...
analosver
1 Comentários:
Até me custa, mas vou contar.
O meu marido e o meu filho são caçadores. Claro, quando chegavam a casa com os pássaros pendurados em cintos próprios eu dizia sempre:
- Não percebo como conseguem fazer isso!
E um dia disse ao meu filho garotinho ainda:
Olhe lá, porque não mata aquele pássarinho que está ali no nosso pessegueiro?
Resposta:
Não Mãe esse não pois é conhecido...
Nunca soube responder-lhe...
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