Naquela tarde dourada,
resolvi não sei porquê,
deitar meus olhos distraídos,
na estante do canto onde guardo
os livros que gosto de folhear
reler
e
raramente emprestar.
Peguei por acaso no livro de Manuel Bandeira
“Poesia completa e prosa”.
Fui folheando
e dei comigo a sorrir
pois sei tantos de cor
-à força de os ler vezes sem fim
até os interiorizar
e ficar na dúvida
se nasceram de mim!
Ao virar uma página
tive a surpresa de encontrar
espalmado, hirto e seco,
um simples amor-perfeito,
que bem me lembro guardara,
no dia em que conhecera,
por um mero acaso,
o objecto dos meus afectos!
Passei suavemente os dedos.
Toquei-lhe com jeito,
não o queria ferir…
e como quem reconhece um velho cúmplice
que a tudo assistiu,
pude confessar-lhe, serenamente.
-Sim, está tudo em ordem
tal como sonhei!
OS ESCRIBAS
Letras que se confundem em histórias de instantes que passam a correr pelas vidas passadas e futuras, reais e imaginárias, ditas e escritas pelas mãos que imprimem em cada tecla, a vontade, o desejo, a emoção e o interminável percurso labiríntico de quem escreve por prazer.
3 Comentários:
Mentira! o amor não está espalmado nem hirto sem seco.
Está perfeito.
Continue a admirá-lo.
Um abraço.
"Ninguém"
È Alguém !
...........
Alguém que tem
A Poesia na Alma !
Encantados !
Joana e Joaquim
Tenho também umas estantes repletas de livros, ja não tenho espaço para tanto livro! Gosto de os folhear, de os reler, de encontrar frases sublinhadas e de encontrar velhos sentimentos guardados ali.
Não tenho nada espalmado nos meus livros, mas tenho-os todos espalmados na minha mão.
beijos***
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