OS ESCRIBAS

Letras que se confundem em histórias de instantes que passam a correr pelas vidas passadas e futuras, reais e imaginárias, ditas e escritas pelas mãos que imprimem em cada tecla, a vontade, o desejo, a emoção e o interminável percurso labiríntico de quem escreve por prazer.

01 março 2007

Em Tempo de Acreditar


Querido Jacarandá:
Em tempo de acreditar
Escolhemos-te.
Esperei treze anos para te ver florir.
Uma lembrança viva
Num tempo de acreditar.
Mas a realidade tem passado
Como o sol ao deixar a linha
Do horizonte.

- (Se cá estivesses?)
O pequeno banco de ardósia
Que fica encostado no tronco da árvore
Sobrava para os dois.
- E quem diria primeiro?
Enfim, floriu. Valeu a pena.
As flores são lindas!
Azuis, azuis!

Hoje só eu estou presente para te olhar. Reparo como são fortes esses braços que em contraste com as folhas rendadas, cresceram livres, e se entrelaçam, para se equilibrarem. Têm a evidência de uma vida, um percurso, um projecto.
Fora de um tempo jovem, da semente lançada, da estaca frágil, iras ser uma árvore frondosa, bem amada, e a tua felicidade também será intemporal.

Olhei-te. Sabias a floração. A minha sede de ti, veio ao encontro de lembranças aos afectos a não perder. E a tua história ficou por contar. Não era possível transformar palavras em sílabas de luz, equaciona-las com aquela manhã de sol na ilha da Madeira em que juntos fomos buscar-te, tão pequenino ao horto do Funchal.
Eras uma estaquinha tão leve, envolveram-te em palha e jornal, e lá foste tu para a bagageira do avião, na hora de regressar, depois tiveste uma história, além dos bafos do clima e das fonduras do jardim, que não tem sentido contar.
Adormece recordação! Serás enquanto eu te olhar, uma lembrança viva, sagrada, em tempo de acreditar.

1 Comentários:

Blogger un dress disse...

sonhar :)

a-cre-di-tar!!!

abraço

16:29  

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