OS ESCRIBAS

Letras que se confundem em histórias de instantes que passam a correr pelas vidas passadas e futuras, reais e imaginárias, ditas e escritas pelas mãos que imprimem em cada tecla, a vontade, o desejo, a emoção e o interminável percurso labiríntico de quem escreve por prazer.

14 maio 2007

Eu já criei uma árvore

Uma semente que apanhei na avenida das palmeiras no Passeio Alegre enterrei-a num vaso.
Era o mês de Abril de 1980.
A semente germinou e cresceu tornando-se num belo exemplar decorativo da minha sala de estar.
As suas longas folhas atingiram um metro e vinte centímetros de comprimento de um verde muito intenso, e uma textura robusta, apesar de estar colocada numa sala de fumador.
Para não ocupar muito espaço eu atava-a com uns lindos laçarotes coloridos, e ela ali ficava altiva quase tocando o teto.
Eu tinha muita vaidade naquela palmeira e considerava-a o meu quarto filho.
Frequentemente eu dizia aos meus filhos que nunca deixassem a palmeira morrer e que transmitissem aos seus vindouros, que aquela árvore tinha sido criada pela avó Filomena.
Mas 2003 veio e em certo dia de Maio a sala deixou de ter fumo de cigarro, aparelhos ligados e vozes a conversar.
A palmeira entristeceu e lentamente foi ficando amarela.
Fiz tudo para a recuperar mas ela recusou-se a viver. Porque seria?


Em 2006 voltei a apanhar uma semente meti-a na terra e germinou precisamente no dia em que o António nasceu. Agora já está com sete folhas de meio metro de altura.

Os dois amores voltaram!


Maio 2007

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5 Comentários:

Anonymous Anónimo disse...

Também já me aconteceu o mesmo.

Era uma vez uma castanha da India que eu meti ao bolso, pu-la num vaso, fêz-se planta, passou a àrvore, e neste momento estou a olhar para ela,carregada de flores côr de rosa que no verão passarão a frutos.
Implacável o tempo. Como cresceu...
Sinto-me bem quando a olho, como eu gostaria de só ter plantado e semeado flores!...

13:46  
Anonymous Anónimo disse...

que belo texto! são os seus amores, de certeza, a cuidar da palmeira. e da poeta que assim escreve...abraço

16:27  
Anonymous Anónimo disse...

O ressurgir pode parecer que
não escolhe o nosso esperado caminho.Mas quando acontece é reconfortante. Congratulamo-nos!

Joana e Joaquim

23:41  
Anonymous Anónimo disse...

Para mim a árvore tem a consequência de algo que se constroi:
- Pode ser uma família:(que nos envolve)
- Uma roda de amigos: que nos compreende e nos aceita tal como somos)
- Ou aquela sombra onde nos retemperamos)
Por isso é tão importante semear uma!

13:13  
Anonymous Anónimo disse...

É a vida sempre a correr, e a renovar.

11:41  

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