OS ESCRIBAS

Letras que se confundem em histórias de instantes que passam a correr pelas vidas passadas e futuras, reais e imaginárias, ditas e escritas pelas mãos que imprimem em cada tecla, a vontade, o desejo, a emoção e o interminável percurso labiríntico de quem escreve por prazer.

30 outubro 2008

Olá sempre menina...Oliveira do quintal


Olá sempre menina… Oliveira do quintal

Quando te vi, eu era jovem como tu (pensava eu),mas, no teu silêncio vertical, há muitos anos que metodicamente já cumprias o teu ciclo de árvore adulta. Florias, davas frutos, e uma sombra arredondada, parecendo uma saia, fazia roda no jardim. Hoje com o mesmo aspecto, apenas mais frondosa, verifico, que não entraste nessa noite escura, da idade.
Continuas a dar flores e frutos, ainda mais árvore, os ramos cresceram, tens mais espaços, para abraçar os passarinhos que pousam para descansar, e ouves melhor o pio das gaivotas ,quando cortam a pique o espaço a que tens direito.
Quanto tempo irá durar a tua juventude, e como terá terminado a tua infância ?

A minha, eu sei quando acabou. Percebemos que somos adultos, quando, deixam de nos ralhar, e apenas abanam a cabeça em silêncio…quando não gostam.

E a tua, se nunca te ralharam e nunca te abanam a cabeça?
Possivelmente, foi, no dia que retiraram aquela haste amarrada para cresceres direitinha, e ficares com o tronco bonito. Valeu a pena…
Sempre menina!...
O tempo comigo foi mais impiedoso. Passou rápido…imagina que os meus netos já olham para ti... No entanto não deixo de gozar a alegria de te ver,avanço contigo em ondulações de bolero, como se escondidos na cave, tivéssemos um ceguinho ao piano , outro ao contrabaixo e com ternura o meu olhar nos embalasse e eu dissesse…deixem-me ficar assim…
Com sol, reténs a noite escondida na sombra dos teus ramos, à noite reténs o sol, nas folhas prateadas.
O meu Pai, quando te viu , disse-me, com a sabedoria da idade: «Conserva sempre esta àrvore»
. Ele conhecia a tua longevidade, admirava, a nobreza do teu nascimento, o relato das muitas estações, a tua luta , e assinava :

Oliveira



2 Comentários:

Blogger Nelly disse...

A oliveira é simblo da paz,ainda bem que a Fernanda viu árvore crescer e com ela as suas alegrias e os anos passam;mais as recordações são sempre lembrança dos entes passados temos na mente...Fechamos na nossa memória como um tesouro.
com um abraço.

14:27  
Blogger ninguém disse...

Pois é Fernanda:

Uma árvore tem sempre uma história para contar...
E, quantas vezes nós tomamos parte desse enredo!
A descrição da tua Oliveira está eloquente.
Eu até senti o "teu" respirar nas entre-linhas.
Um beijo

18:46  

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